terça-feira, 4 de setembro de 2007

A profissão mais difícil do mundo

Não é fácil ser jornalista. Lógico que, no fim das contas, vale a pena, caso contrário eu não estaria aqui. Mesmo assim, nos metemos em cada situação embaraçosa que é uma coisa. Estas situações acontecem pelos mais diversos motivos: bebedeiras, parafusos soltos, notícias ruins, acessos de riso, notícias bizarras, companheiros de bancada invejosos, operadores de câmera com sono, etc etc etc.
A última por essas bandas foi a resposta do técnico do Fluminense, Renato Portaluppi, que deixou o repórter da ESPN Brasil em maus lençóis, mas até que ele se saiu bem.

Não consegui botar o vídeo direto aqui, então aí vai o link:
http://espnbrasil.uol.com.br/videos/video.aspx?idVideo=1012

Singular e plural

Quatro e meia da tarde de hoje, o programa da Adriane Galisteu entrevista o ator Northon Nascimento e sua mulher, Kelly.
Na parte de baixo da telinha: "O casal Northon e Kelly Nascimento falam sobre sua nova peça".
Parece que a produção tem o mesmo número de neurônios da apresentadora.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

América Castelhana

Semana passada, um artista chileno, explicando a escolha do país que abriga a Bienal do Mercosul, disse que o Brasil tem um papel de liderança na América Latina, não só pelo tamanho e pela posição geográfica, mas pela política, pela economia e pelo que o país representa para o mundo. E isso fica claro, segundo ele, se a gente olhar para as MTV's do nosso continente. Enquanto o Brasil tem um canal só seu, com uma ampla grade de programação, oito países da América Latina tem que encaixar seus programas em dois canais internacionais (stricto sensu, que concerne a mais de uma nação). Na MTV Sudoeste, estão as produções de Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. A MTV Sudeste é dividida por Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Interessante o paralelo. Um canal de TV, e que nem é de notícias, pode representar o cenário geopolítico de um continente. Não questiono nesse momento a política de governo de nenhum desses países, mas fica evidente que eles não desempenham um papel tão importante quanto o do Brasil. E aí aumenta a nossa visibilidade, as nossas possibilidades de crescimento, mas também a nossa responsabilidade. Nós respondemos, de certa forma, por vários outros países menores, e temos que exigir uma estratégia política mundial que volte os olhos para eles também.
Procurando um site da MTV Sudoeste e da MTV Sudeste, encontrei o da MTV América Latina. E me chamou a atenção que, dentro desse rótulo, estejam Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, e não esteja o Brasil (embora apareça a nossa bandeira na ilustração), que tem site próprio. Da página inicial, em qualquer país que eu clicar, sou conduzida ao mesmo layout, com praticamente as mesmas notícias. Ou seja, não tem nada específico voltado às características de cada país, generalizando todos eles como um só povo.
E é aí que eu me preocupo. Será que nós não fazemos parte desse povo? Será que não somos latino-americanos? O que caracteriza esse povo e que talvez nos deixe de fora? Será só o idioma? Talvez já estejamos demais globalizados para fazer parte de uma cultura de Terceiro Mundo. Ou será que somos os únicos a ter as nossas características preservadas, já que temos condições de manter um canal só nosso?
De qualquer forma, estamos à parte nessa categorização.

domingo, 2 de setembro de 2007

Novas bizarrices da dublagem

Tem uma dubladora tão versátil, mas tão versátil, que ela pode fazer, sem mudar a voz:
Cebolinha
O Pestinha
E uma gordinha de um filme da Temperatura Máxima.

Excelente!

Olhaaaahhh!

Uma das manchetes da capa do Terra de hoje: "Mulher encontra cabeça de chupa-cabra nos EUA".
Hum... Ok.
Acabei lembrando da polêmica do chupa-cabra no Gugu. O cara é um grande apresentador. Mas não tão grande apresentador quanto jornalista.

Uma coisa vai puxando a outra e lembrando do chupa-cabra eu acabei lembrando também da entrevista exclusiva com criminosos do PCC. Isso já deve fazer uns sete anos. Um grande furo de reportagem, ameaças a jornalistas como Marcelo Rezende, Datena e ao padre Marcelo Rossi. Dá até orgulho de ter um programa que deveria ser de entretenimento com um compromisso tão grande com o jornalismo verdade.

Se não fosse tudo mentira, claro. A reportagem acabou se mostrando uma farsa. Alfa e Beta, os dois integrantes do PCC, eram atores contratados lendo o texto em cartolinas. Dois produtores, o jornalista e os dois atores foram indiciados por apologia ao crime e Gugu disse que não sabia de nada.
O Domingo Legal foi tirado do ar umas três semanas depois, mas acabou voltando. Capengando, é claro. Os anunciantes começaram a abandonar o barco quando começou a afundar. A audiência caiu também. Ninguém queria mais ter seu nome vinculado àquela farsa.

Não que o Domingo Legal seja o programa que eu assista pra me manter bem informado. Aliás, não que o Domingo Legal seja um programa que eu assista. Mas esse deveria ter sido o seu fim. Contratar atores pra incitar o terror e produzir uma "matéria jornalística" mais falsa que nota de três só pra garantir audiência? Devia estar todo mundo preso.

Mas não. Eu tenho certeza que se eu sintonizar o SBT hoje à tarde vou encontrar bundas, peitos, talvez o Tiririca, talvez o Adamastor Pitáquio e uma cena tocante: uma pessoa humilde em lágrimas e Gugu comovido.
O que, pensando bem, me tranquiliza um pouco. Se eu encontrar isso, e só isso, é sinal que eles devem ter aprendido que entretenimento é entretenimento, jornalismo é jornalismo.

sábado, 1 de setembro de 2007

Altas Confusões

"O Príncipe de Central Park", "George, o Rei da Floresta", "Pequenos Grandes Astros", "Simão, o Fantasma Trapalhão" e "Motocross - A Aventura". Como você classificaria estes filmes? Filmes de ação, comédias, dramas, musicais ou, simplesmente, filmes-sessão-da-tarde?
Pois essa é a lista de atrações da Sessão da Tarde nesta última semana. Não que os filmes vespertinos da Globo sejam todos ruins - ok, a maior parte deles é, no mínimo, de qualidade duvidosa -, mas a característica de serem leves, de fácil compreensão, sem profundidade alguma, é recorrente na quase totalidade destas produções. São altos agitos, com uma galera que vive se metendo nas maiores confusões.
Não que isso seja ruim. Acho até bem colocado para o horário. Mas pelo menos as chamadas poderiam variar um pouco mais, né? Ou será que a Globo não possui dinheiro suficiente para contratar alguém para escrever sinopses para os filmes da Sessão da Tarde?

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Jornalismo de verdade

Arrisco-me a dizer que Profissão Repórter é o melhor programa jornalístico da história da televisão brasileira. Ou, pelo menos, dos últimos 20 anos.
É um formato único na televisão brasileira. Faz jornalismo de verdade: aquele investigativo, que foge do factual, do banal, do noticiarismo, esta parte do dito jornalismo que, na minha opiião, realmente não precisa de muito estudo, de muito embasamento.
Pois Profissão Repórter esmiuça o assunto. Mostra, pela primeira vez na televisão, as diversas faces de determinado tema. Jornalismo investigativo, que realmente leva conhecimento às pessoas, não apenas aquelas notas de um minuto e meio veiculadas no Jornal Nacional, que muitas vezes mais desinformam dentro de sua enxurrada de informações e entre comerciais de margarina.
É lógico que um projeto assim tinha que ser encabeçado por um grande profissional. Caco Barcellos deveria ser o espelho de qualquer futuro jornalista, e seu trabalho deveria ser paradigma para qualquer matéria, seja ela de televisão ou impresso.
Só no Profissão Repórter temos na televisão uma característica que, muitas vezes, temos a falsa idéia de que só pode aparecer nos meios impressos, quando muito: o aprofundamento, o trabalho de reportagem corajoso, que vai a fundo na investigação e na transmissão das informações. O jornalismo subversivo, diria certo professor. O jornalista realmente dedicado a aprender e divulgar o que aprende sobre determinada pauta. Isso é jornalismo de verdade. Ou o que deveria ser. Ao menos, o sucesso de Caco demonstra que podemos fazer diferente.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Tomou?

Lembram daquela propaganda da Parmalat com crianças fantasiadas de bichinhos tomando leite e ficando com bigode branco? Claro, quem não lembra? Pois acabei de ver uns bichinhos grandes, quase sem fantasia, tomando leite e ficando com bigode branco na tevê. São os mesmos atores que em 1996 deram origem à grande campanha que vendeu um monte de foquinhas, macaquinhos, coelhinhos, leõezinhos de pelúcia. A idéia é investir no caráter longa vida do leite, que fez com que os filhotinhos crescessem. E deu muito certo. Se o comercial não ficou tão bonitinho como o original, agora está mais divertido. Eles olham para um monitor e apontam: "era eu!", ao mesmo tempo em que tentam vestir as fantasias dos mamíferos, que agora não servem mais. No fim, a gambá, que deve ter uns 15 anos, dá um gole de leite para a gatinha perguntando "Tomou?".



“O elefante agora está grande
O porco cor de rosa e o macaco também estão
O panda e a vaquinha tomaram Parmalat
Assim como a foquinha, o ursinho e o leão”


“O gato mia, o cachorro late
O rinoceronte espichou com Parmalat
Mantenha seus filhotes fortes… Vamos lá
Trate seus bichinhos com amor e Parmalat"

A volta dos que não foram

Pois não é que, mesmo com todos os monopólis de mídia existentes, o blog resistiu? Vamos continuar entrando na sua casa pelo menos por mais uma semana. No horário nobre, no meio da madrugada ou no início da tarde, nossos posts vão movimentar a telinha.
Então, mais uma vez, voltaremos! Não mude de canal.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Power off

E a semana termina, e com ela nossa tarefa nesse blog. Há sete dias temos uma boa desculpa para ficar em frente à tevê. Afinal, fomos obrigados pela professora Clarice Esperança a escrever sobre ela. Mas agora essa moleza deve... continuar! Se tudo der certo, continuem bisbilhotando que em breve teremos textos novos. Não dá vontade de encerrar uma atividade que nos deu tanto prazer, mesmo que a recíproca não seja verdadeira entre os leitores que se atreveram a desvendar nossas mal-traçadas linhas. Foi bom não só por termos que escrever, mas também por acompanharmos, dia a dia, as evoluções dos outros blogs. Obrigado pela audiência e pela paciência.

Para morrer de rir

Esses dias estreou mais um programa de humor na Globo, o Toma Lá, Dá Cá. Não gostei. Confesso que quando vi a propaganda, há quase um mês, já me predispus a não gostar, apesar de contar com alguns ótimos atores (destaco a Adriana Esteves, com a sua Lola de Kubanacan). Deu para perceber logo de cara que era uma palhaçada forçada, tipo um besteirol americano, em que os artistas precisam fazer caras e bocas para o público rir. Mistura esse humor babaca importado com a tentativa de uma comédia tipicamente brasileira, uma combinação que claramente não deu certo. Não tem como ironizar a corrupção dos políticos daqui com uma piada exagerada ao estilo de um filme adolescente de lá.
O humorístico tenta o formato do Sai de Baixo, em uma clara imitação, que conta até com dois de seus artistas, mas não consegue a mesma naturalidade dos bons tempos de um dos primeiros sitcoms brasileiros. O sitcom é a abreviação de situation comedy, uma série de televisão encenada geralmente na frente de um público e sempre nos mesmos lugares, e que se caracteriza pelos "sacos de risadas", como no famoso Friends.
Toma Lá, Dá Cá
teve um bom índice de audiência na sua estréia, mas é devido ao desgaste dos programas que o antecederam - A Diarista, antiga dona do horário, existe há quase quatro anos - e à evidente falta de uma criação realmente divertida nos últimos tempos, e aí eu nem entro no mérito das outras emissoras, já que a Globo ainda domina o gênero. A Grande Família consegue ser natural, na maior parte dos casos, mas já está perdendo a mão, ficando repetitiva e sem-graça. É um dos que mais durou.
As duas fracas atrizes principais e as situações impossíveis fizeram com que Sob Nova Direção fosse irritante desde o início. A Diarista não tinha mais o que inventar, apesar de seu começo irreverente, embora realmente curto. Só sobreviveu tanto porque contava com Cláudia Rodrigues e Dira Paes. O ator mirim David Lucas ganhava a simpatia e arrancava risos dos espectadores em Minha Nada Mole Vida, um sitcom que tinha seu valor, mas era fadado à saturação em pouco tempo. Zorra Total, que já é outro tipo de humor, não tem nem o que comentar, é absurdamente sem-graça, forçado e irritante, além de extremamente repetitivo.
Sobraram os mais antigos, dos quais cito três. Sai de Baixo, já mencionado, teve tempos muito bons, antes de se perder na falta de assunto. Começou realmente divertido, inovador, com um ótimo elenco, boas piadas e o toque do "ao vivo", mesmo que simulado - o programa era gravado com um público real, em um teatro, e depois editado -, que criava uma sensação de interação com o público. Sexo Frágil, mais recente, talvez contasse com a melhor equipe de todos, quatro excelentes atores encabeçando, mais uns ótimos coadjuvantes, como Zéu Brito. A idéia era muito boa, mas também padeceu com o tempo.
Mas o grande salvador era mesmo Os Normais. Contava com um roteiro muito bem elaborado, dois atores incríveis e um toque de ironia e sarcasmo, aliados a uma falta de vergonha constrangedora e muito engraçada. As situações inusitadas eram mesmo inusitadas, e a criatividade para criá-las parecia sem fim. Mas não lamento que tenha terminado, senão possivelmente teria entrado para a lista dos que não resistiram ao tempo. Afinal, esse é o grande mal do humor: quase sempre enjoa.